Edson Lustosa
O
povo de Porto Velho não é lá tão exigente. Basta-lhe pouco para
ser feliz. Quebrar a permanência de alguns grupos no poder já se
mostrou suficiente para devolver algum sorriso ao rosto dos
porto-velhenses. Mas, como nunca é demais sugerir, anotam-se aqui
alguns pontos que, se bem trabalhados pelo próximo prefeito,
tornarão melhor seu desempenho e contribuirão para a felicidade
comunal.
1 –
Olhar nos olhos de cada cidadão com a consciência de que tem sempre
contas a prestar. E não elogios a cobrar. Para que nem a soberba nem
o alheamento a dor inundem seu coração.
2 –
Atender segmentos organizados e grupos de interesse sempre
acompanhado de quem tem ponderações a fazer. Para que do encontro
não resultem compromissos – e muito menos expectativas – que
possam transformar-se em frustrações.
3 –
Respeitar a religiosidade do povo e dela abstrair os princípios
éticos comuns em sua dimensão efetivamente espiritual. E pautar
nesses princípios o diálogo com dirigentes e líderes de
instituições religiosas que se apresentem como tal. Para não pecar
em face de sua própria convicção nem ser partícipe do pecado
alheio.
4 –
Dar aos subordinados a certeza de que reconhece a importância da
colaboração de cada um no cotidiano da administração e na
viabilização de inovações. Para que a disputa por reconhecimento
não se dissemine e ponha a perder a direção de sua gestão.
5 –
Substituir a propaganda unidirecional por uma política de
comunicação social de mão dupla. Para que as mensagens
institucionais não causem antipatia, mas sejam sempre recebidas como
um chamamento ao diálogo.
6 –
Usar dos mesmos serviços que oferece ao povo. Para manter seu
espírito sempre alimentado do propósito de melhoramento das
condições enfrentadas pelos cidadãos.
7 –
Exigir dos colaboradores mais próximos constante atualização e
contínuo aprimoramento. Para que estejam sempre aptos a prevenir a
administração contra ameaças emergentes, que parecem imprevisíveis
aos que estacionam intelectualmente.
8 –
Reconhecer que a Administração Pública é uma ciência. E, como
tal, exige adequada e específica formação. Para não sucumbir ao
engano de que o simples status de qualquer formação superior seja
capaz de legitimar a qualquer cargo na gestão governamental.
9 –
Ser amigo dos seus amigos. Jamais confundindo amizade com parceria
empresarial ou partidária. Para que, nos momentos de cansaço ou
solidão, aqueles que ao longo de sua vida sempre lhe manifestaram
apreço permaneçam dispostos a ouvi-lo e bem aconselhá-lo a
qualquer momento em que precisar.
10 –
Tirar dez minutos por dia para não fazer nada. Absolutamente nada.
E, se nesses dez minutos não lhe surgir uma vontade enorme de
conversar com Deus, correr ao encontro daquelas pessoas que, por suas
atitudes e palavras, demonstram ter em Deus a razão de sua vida.
Para que nem mesmo a felicidade de seus concidadãos venha lhe custar
a própria felicidade.
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