Edson Lustosa

Edson Lustosa

segunda-feira, 5 de agosto de 2019

Se eu morrer amanhã


Não tanto pelas patologias, tampouco pela idade, mas seguramente pelo simples fato de estar vivo, sou candidato a morrer. Seja daqui a pouco ou daqui a algumas décadas, o certo é que morrerei. Mas morrerei feliz, pois hoje vivo na graça, pela graça e – o que é melhor – de graça

Não dou testemunhos dos pecados que cometi pra não matar ninguém de inveja. Meu testemunho de conversão é como vivo. E não como vivia e como prometo viver doravante. Até porque não prometo nada. Apenas peço. E Deus tem atendido. Um dia de cada vez me basta.

Não tenho preconceitos em relação a ninguém pela religião que tenha ou por não ter nenhuma. Mas eu, lavado e esfregado na casca do alho, obviamente tenho, não preconceitos, mas conceitos, por sinal muito bem formados, pela soma dos conhecimentos teológico, filosófico, científico e empírico.

No que se refere ao empírico, não tenho como mentir pra mim mesmo: há um povinho aí que eu a cada dia constato mais que essa turma acha mesmo que vai ser capaz de passar a perna em Jesus Cristo. E, mesmo não conseguindo – apesar das seguidas tentativas – passar a perna em mim, insiste na obstinação de enganar Jesus.

Não tenho leitores burros. E é bem certo que sabem de quem e do que estou falando. E é mais certo ainda que muitos já chegaram à mesma conclusão que eu, só não tiveram disposição para manifestar-se publicamente como faço eu agora.

Que posso fazer? Deus me aumentou a esperança, a fé e a caridade. Mas a pele que guarda meus testículos não foi aumentada. De tal sorte que não tenho como suportar que ela abrigue volume maior do que aquele que, por natureza, me cabe carregar.

Ademais, percebo que esses descendentes de Iscariotes se recusam, por vezes, a perceber que já chegaram ao limite. Não o deles, é claro; pois esse povo desconhece limite. Mas ao meu limite, imposto pela minha autoestima – que, graças a Deus, não é pouca – e também pelo meu instinto de sobrevivência espiritual: não quero a morte da minha alma.

O que me chama a atenção é que passei a vida toda acreditando que, atingindo determinada idade, arcaria com o ônus de ter que aturar os mais jovens. Mas não. O ônus que tentam me impor é de ter que aturar gente velha, com mais de 60 anos, que não criou vergonha na cara e não resiste a um convite à próxima valsa com o Satanás.

É deprimente ver gente que chegou à velhice e ainda acha que pode enganar os outros com conversas fiadas, com simulação de amizade, com jogos de cena, com chantagens emocionais (pra cima de quem é besta, pois pra cima de mim não cola, não). Gangue de velhos é a coisa mais triste que existe.
Outra hora eu continuo. Estes parágrafos já me foram suficientes para mais uns dias sem crise hepática.

Bom, mas... se eu morrer amanhã, saibam que morri feliz. Porque Deus me deixou viver para renunciar a toda espécie de disposição à convivência com o que não presta. E um minuto na paz de Deus vale infinitamente mais do que uma vida inteira de mentira. Voltarei ao tema, se Deus assim permitir e for necessário. E citando nomes, que é pra aspergir material fecal com o auxílio do deslocamento de ar produzido pelas hélices em movimento.


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