Não tanto pelas patologias, tampouco pela idade, mas
seguramente pelo simples fato de estar vivo, sou candidato a morrer. Seja daqui
a pouco ou daqui a algumas décadas, o certo é que morrerei. Mas morrerei feliz,
pois hoje vivo na graça, pela graça e – o que é melhor – de graça
Não dou testemunhos dos pecados que cometi pra não matar
ninguém de inveja. Meu testemunho de conversão é como vivo. E não como vivia e
como prometo viver doravante. Até porque não prometo nada. Apenas peço. E Deus
tem atendido. Um dia de cada vez me basta.
Não tenho preconceitos em relação a ninguém pela religião
que tenha ou por não ter nenhuma. Mas eu, lavado e esfregado na casca do alho,
obviamente tenho, não preconceitos, mas conceitos, por sinal muito bem
formados, pela soma dos conhecimentos teológico, filosófico, científico e
empírico.
No que se refere ao empírico, não tenho como mentir pra mim
mesmo: há um povinho aí que eu a cada dia constato mais que essa turma acha
mesmo que vai ser capaz de passar a perna em Jesus Cristo. E, mesmo não conseguindo
– apesar das seguidas tentativas – passar a perna em mim, insiste na obstinação
de enganar Jesus.
Não tenho leitores burros. E é bem certo que sabem de quem e
do que estou falando. E é mais certo ainda que muitos já chegaram à mesma
conclusão que eu, só não tiveram disposição para manifestar-se publicamente
como faço eu agora.
Que posso fazer? Deus me aumentou a esperança, a fé e a
caridade. Mas a pele que guarda meus testículos não foi aumentada. De tal sorte
que não tenho como suportar que ela abrigue volume maior do que aquele que, por
natureza, me cabe carregar.
Ademais, percebo que esses descendentes de Iscariotes se
recusam, por vezes, a perceber que já chegaram ao limite. Não o deles, é claro;
pois esse povo desconhece limite. Mas ao meu limite, imposto pela minha
autoestima – que, graças a Deus, não é pouca – e também pelo meu instinto de
sobrevivência espiritual: não quero a morte da minha alma.
O que me chama a atenção é que
passei a vida toda acreditando que, atingindo determinada idade, arcaria com o
ônus de ter que aturar os mais jovens. Mas não. O ônus que tentam me impor é de
ter que aturar gente velha, com mais de 60 anos, que não criou vergonha na cara
e não resiste a um convite à próxima valsa com o Satanás.
É deprimente ver gente que chegou
à velhice e ainda acha que pode enganar os outros com conversas fiadas, com
simulação de amizade, com jogos de cena, com chantagens emocionais (pra cima de
quem é besta, pois pra cima de mim não cola, não). Gangue de velhos é a coisa
mais triste que existe.
Outra hora eu continuo. Estes
parágrafos já me foram suficientes para mais uns dias sem crise hepática.
Bom, mas... se eu morrer amanhã,
saibam que morri feliz. Porque Deus me deixou viver para renunciar a toda
espécie de disposição à convivência com o que não presta. E um minuto na paz de
Deus vale infinitamente mais do que uma vida inteira de mentira. Voltarei ao
tema, se Deus assim permitir e for necessário. E citando nomes, que é pra aspergir
material fecal com o auxílio do deslocamento de ar produzido pelas hélices em
movimento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário